Dados são do Atlas da Violência 2024, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Dados referentes aos assassinatos de crianças de até 14 anos são referentes aos anos de 2012 a 2022. No caso dos homicídios contra bebês, o estudo compara 2021 e 2022. Acre teve crescimento de homicídios entre bebês de 0 a 4 anos, e redução entre crianças de 5 a 14 anos
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O número de homicídios dobrou entre bebês entre 0 e 4 anos e reduziu entre crianças de 5 a 14 anos na última década no Acre. A informação consta no Atlas da Violência 2024, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgado na última terça-feira (18).
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Entre 2012 e 2022, segundo o levantamento, 14 bebês de até 4 anos de idade foram mortos de maneira violenta no estado, saindo de um caso em 2012 para dois casos em 2022. Além deste, os anos com maiores índices foram 2013, 2014, 2015 e 2017, com dois homicídios cada.
Os números colocaram a taxa proporcional do Acre em 2,4 homicídios de bebês a cada 100 mil habitantes no ano passado. A taxa é maior do que a média do país, que foi de 1 homicídio de bebê a cada 100 mil habitantes.
5 a 14 anos
Por outro lado, os homicídios entre crianças de 5 a 14 anos tiveram queda de 80% entre 2012 e 2022, segundo o Atlas da Violência. No período, foram 58 mortes nesta faixa etária e somente em 2017, houve 14 casos.
Em 2021, foram registradas seis crianças vítimas de homicídio no levantamento, e o número caiu para 1 no ano passado. A taxa proporcional foi de 0,6 a cada 100 mil habitantes.
Na comparação com o ano mais violento da série, 2017, a queda é ainda mais drástica: entre aquele ano e 2022, foram 93% de homicídios a menos entre crianças.
Entre adolescentes de 15 a 19 anos, foram 40 homicídios em 2022, o que representou um aumento de 48% na comparação com 2012. O estado registrou aumento de 25% entre 2021 e 2022.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) destacou que tem um plano estratégico de atuação integrada, que envolve todas as forças de segurança, a Força Nacional, a Polícia Federal e a Rodoviária Federal. Esse plano inclui ainda ações em todos os municípios de fronteiras, com operações integradas das polícias Militar e Civil.
“Também temos a Operação Protetor das Divisas e Fronteiras, que é uma cooperação com o governo federal. Isso traz um reflexo para as ações, como constamos com a redução no número de homicídios nos últimos anos”, destaca.
População geral
Número de homicídios no Acre saiu de 205 para 241 entre 2021 e 2022
Quésia Melo/Rede Amazônica Acre
O número de homicídios no Acre teve um aumento de quase 16% entre 2021 e 2022, segundo o Atlas da Violência 2024. Em 2021, o estado acreano registrou 205 mortes e no ano seguinte 241.
Mesmo com esse aumento, o estado acreano registrou a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes na região Norte em 2022: 26,4.
O estado da região com a maior taxa foi o Amazonas, com 42,5. Segundo o Atlas da Violência 2024, no Norte existe a atuação de pelo menos dez organizações criminosas internacionais nas áreas de fronteira, que atuam em conjunto com os grupos brasileiros e em outras vezes disputam rotas e territórios.
“O Acre, que já teve a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes da região Norte no ano de 2017 (61,5), apresentou o menor resultado em 2022 (26,7), uma redução de expressivos 56,6% no período, voltando aos patamares observados no estado entre 2012 e 2015”, diz o estudo.
Guerra de facções
Em 2019, o g1 mostrou como a guerra entre facções fez com que os acreanos assistissem ao aumento desenfreado da violência no estado. A disputa entre grupos criminosos explodiu no fim de 2015, quando foram registrados os primeiros ataques em Rio Branco.
Em meados de 2016, houve uma intensificação da guerra com o racha entre duas facções criminosas, criando um ambiente de tensão nos presídios e promovendo confrontos em diversos estados. O boom das mortes violentas no estado foi no ano de 2017, quando ocorreram 530 mortes violentas. Se comparado a 2014, esse número subiu 159,8%.
O estudo destaca que, a partir de 2018, foram tomadas várias ações que ajudaram a estabilizar a guerra entre os grupos criminosos e também a redução nas mortes. Entre elas estão:
a implantação de fato do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves em Rio Branco;
a criação de uma delegacia voltada para investigar somente os crimes de homicídio – DHPP;
a separação dos presos por facção dentro das cadeias do estado;
a criação do Programa Acre pela Vida;
a criação do Observatório de Análise Criminal no Ministério Público (MP);
a integração dos setores de inteligência da Polícia Civil e do Gaeco/MP – aumentando significativamente o número de denunciados por organização criminosa;
a realização de cooperação técnica com o governo boliviano e com os estados do Amazonas e Rondônia, que possibilitaram a atuação integrada na faixa de fronteira e troca de informações sobre a atuação do narcotráfico na região.
Outros resultados do Acre no Atlas:
Acre teve a quarta maior taxa de homicídios de mulheres por 100 mil habitantes da região Norte no período avaliado: 5,1
Houve um aumento de 14,3% no número de homicídios de mulheres negras entre 2021 (26 mortes) e 2022 (16 mortes);
A taxa de homicídios de indígenas no Acre é de 30,3, maior que a média nacional
Número de homicídios por arma de fogo aumentou 19,5% entre 2021 e 2022: total subiu de 118 para 141
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